Já é Terça-Feira de Carnaval. Oficialmente as festividades iniciaram quando o Rei Momo recebeu a chave da cidade das mãos do Prefeito. Bem, mais ou menos isso. Enfim, o Rei Momo com sua forma rechonchuda e alegria contagiante deu o pontapé inicial para os foliões de plantão começarem a se fantasiar para comemorar a data.
Pelas ruas da cidade, nos bailes, nos blocos e nos desfiles, lá estão eles, os amantes da festança prontos para propagar a alegria em nome de sua majestade neste reinado de folia. Mas, de onde surgiu esse rei que só aparece durante o Carnaval?
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Rei Momo Origens
Esse querido personagem gordinho, brincalhão e irreverente reina absoluto até a Quarta-Feira de Cinzas. Sua origem remete à Mitologia Grega. E era uma deusa. Isso mesmo! Você leu corretamente. Eu disse deusa.
Μώμος, Mômos ou Momus é filha da deusa Nix, a Noite, e a personificação da reclamação, do delírio, do ridículo, do deboche e do sarcasmo. Costumava aparecer constantemente nos cortejos de Dionísio, deus do êxtase, do vinho e da libertação dos sentidos, e ao lado de Comus, o deus da festividade e do excesso.
Era considerada a patrona dos escritores e poetas.
A deusa, praticamente esquecida na morada dos Deuses Olimpianos, é representada com um gorro com guizos, segurando em uma das mãos um boneco que simboliza a loucura e usando uma máscara que, volta e meia, levanta para mostrar seu rosto.
Expulsão Do Olimpo
Houve um concurso onde Momus deveria julgar qual deus criou algo realmente excepcional. Na disputa estavam Poseidon, Atena e Hefesto. Então, as críticas desenfreadas começaram. Debochou de Poseidon, deus do mar, por ter criado um touro com os olhos sob os chifres; Atena, deusa da sabedoria, por ter criado uma casa sem rodas para movê-la de lugar quando seu dono assim desejasse; e zombou de Hefesto, deus da tecnologia e dos ferreiros e artesãos, por ter criado Pandora, aquela da caixa de Pandora!, sem uma janela em seu peito para poder ver o que seu coração ocultava.
E se não bastasse, fez chacota de Afrodite, deusa do amor, por ser uma tagarela e fez comentários nem um pouco agradáveis sobre a infidelidade de Zeus, ele mesmo, o poderoso-chefão dos deuses. Resultado: expulsão da cúpula mitológica grega. E sem direito a ambrosia pra viagem.
O Retorno De Momus
Pois é. Tudo que vai, um dia volta. E com Momus não foi diferente. Zeus, preocupado com o peso que a humanidade fazia e que estava desequilibrando o planeta, permitiu que Momus retornasse, mas com a condição de ajudá-lo a descobrir um remédio para esse problema inusitado.
E foi o que Momus fez. Ironicamente, a deusa sugeriu que Zeus criasse uma mulher tão estonteantemente bela que nações guerreassem por ela e assim se matassem uns aos outros. Zeus não pensou duas vezes e assim nasceu Helena que provocou a famosíssima Guerra de Troia que levou ao conflito armado entre gregos e troianos.
Mudança De Gênero
Como vimos, Momus era uma deusa. Mulher. Sexo feminino. E quando passou a ser representado como um homem? Essa pergunta talvez nunca tenha uma resposta. O que se sabe é que, antes da era cristã, romanos e gregos usavam essa personalidade mitológica em suas festas onde sexo e bebida eram fartos.
Com o passar dos anos, conceitos mudam ou se perdem, isso é inevitável, e numa sociedade patriarcal nada mais “justo” do que as relações de poder ficarem nas mãos de homens. Baaahhh! Uma inversão de papéis e costumes. Imagina uma figura feminina representar bacanais? Nem pensar.
E assim... Momus foi sendo incorporado a algumas comemorações e passou a ser gordo para simbolizar fartura e extravagância.
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Momo E O Carnaval Do Rio
Em 1913, Momo já dava seus ares por essas bandas cariocas. O ator, cantor e compositor Benjamin de Oliveira encarnou Momo pela primeira vez. Foi no Circo Spinelli, na Boulevard 28 de Setembro, Vila Isabel, na peça Cupido no Oriente que o Palhaço Negro, como era conhecido, interpretava o zombeteiro Momo, com traços caricaturais de uma peça de teatro em pleno picadeiro.
A figura representativa do Carnaval carioca nasceu numa redação de jornal. Foi no Jornal A Noite que Edgard Pilar Drumond, o Plamenta, cronista carnavalesco e de esporte, junto com o jornalista Vasco Lima, gerente do vespertino e Fritz, caricaturista, criaram um boneco de papelão a que deram o nome de Rei Momo I e Único, esculpido pelo artista Hipólito Colombo. Esses são os verdadeiros pais do monarca.
No ano seguinte, o Jornal resolveu personificar o boneco ao vivo e em cores e ficou resolvido que o candidato deveria ter cara de glutão, ser alegre e falante. Convidado por Vasco para representar Momo, Francisco Moraes Cardoso, um redator de turfe gorduchinho, aceitou o papel que desempenhou de 1934 até 1948.
A partir de 1968, uma lei estadual oficializou uma eleição para o papel do rei da folia, o Rei Momo.
BOM CARNAVAL E DIVIRTA-SE!
Criss
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