Mês da Folia

Pierrô, Vai Tomar Sorvete Com O Arlequim!

fevereiro 04, 2018o¤° SORRISO °¤o


É o Mês da Folia

O Carnaval está chegando e com ele a pergunta que não quer calar: “com que fantasia eu vou?” Pois é. Seja em bailes ou blocos de rua a fantasia é obrigatória. É ela que colore e enche de alegria as ruas e os foliões durante o feriado. De preferência que seja bem fresca para enfrentar o calor do Brasil, principalmente do carioca que tem o Maior Carnaval do Mundo

Há fantasias tradicionais, de outras épocas, mas que ainda mantêm seu glamour. Elas vêm de outros carnavais de além-mar, como por exemplo Pierrô, Arlequim e Colombina, o triângulo amoroso mais famoso da história. E os três de tanto pularem nos dias de folia, acabaram chegando em terras tupiniquinsMas, onde eles surgiram? 

Pierrô no Carnaval de Veneza, Itália 


Commedia dell’Arte 

A história dos três personagens era parte de um estilo teatral conhecido como Commedia dell’Arte (Comédia da Arte), uma espécie de teatro popular que surgiu na Itália do século XV e depois se desenvolveu na França, até o século XVIII e que foi criada para se opor à Commedia Erudita (Comédia Erudita), à comédia dos clássicos gregos e romanos, apresentada para a nobreza. 

Commedia Dell'Arte 


As trupes eram itinerantes e realizavam apresentações nas ruas, no idioma local, e seu repertório era geralmente de peças teatrais improvisadas. Sua intenção era levar o teatro para todos e realizar uma sátira social, criticando e ironizando os costumes da classe dominante italiana da época. Sempre ridicularizando os poderosos e os nobres em geral. 

Apesar das várias mudanças que a narrativa teve com o passar dos anos, basicamente ela relata a história de Pierrô que ama Colombina que é perdidamente apaixonada por Arlequim que corresponde esse amor. 

"Atores da Commedia dell'arte italiana" de Jean Antoine Watteau 


Detalhe: Pierrô é o nome afrancesado do original italiano Pedrolino. E foi, justamente esse nome que conquistou o mundo. Ainda bem que mudaram! Hahahahahahaha! 

Quem São Os Personagens? 

Vamos aos personagens básicos. Havia os Patrões que representavam o conservadorismo, a intelectualidade e a honra. Muitas vezes farsantes e hipócritas. Os Amantes que eram os jovens apaixonados (estilo Romeu e Julieta). O amor é lindo! E, por fim, os Serviçais, pessoas da classe social mais baixa. E é nessa última categoria que se encontra o nosso trio. 

Arlequim era servo do mercador de Veneza, conhecido como Pantaleão. Ele adorava criar confusão com os outros personagens. Divertido, fanfarrão e malandro, sempre tentava escapar do alvoroço que ele mesmo criava. Costumava aparecer nos intervalos das apresentações e com suas brincadeiras entretinha a plateia, roubando beijos das atrizes, principalmente da Colombina. Caiu nas graças do público e passou a ser parte do triângulo amoroso. 

Sua roupa era repleta de losangos coloridos. 

"Arlequim", 1918 de Pablo Picasso 

"O beijo do Arlequim" de Frank Xavier Leyendercker 


Colombina era criada da filha de Pantaleão. Inteligente, habilidosa e requintada, tanto quanto sua senhora, ela era apaixonada por Arlequim e para despertar seu amor tentava encantá-lo com suas danças e canções durante os espetáculos. 

Colombina 

"Arlequim" de Ferretti Giovanni Domenico 


Pierrô era um servo devotado e fiel de Pantaleão. Ele era o mais pobre dos personagens e vestia-se com roupas feitas de sacos de farinha e talvez por isso seu rosto fosse pintado de branco. Era o único que não usava máscara, o que denunciava ao público a sua pobreza. Como um eterno apaixonado por Colombina, tinha uma lágrima preta desenhada sob o olho, o que denotava sua tristeza e seu coração partido por não ser correspondido por ela. 

Por viver suspirando de amor, por ser um sonhador, por sua inocência, por sua vestimenta e por sua maquiagem, o personagem Pierrô influenciou os palhaços de circo

"Pierrô e Colombina", 1900 de Pablo Picasso 

Pierrô sofre em silêncio por Colombina 


Outra Versão Da História   

Há quem diga que Pierrô era amigo de infância de Colombina e que desde cedo nutria uma paixão platônica por ela. Ele era padeiro e trabalhava para Pantaleão e ela era criada de Isabella, filha do mercador de Veneza. Sofrendo em silêncio, Pierrô escreveu várias cartas declarando seu amor secreto à Colombina. Contudo, num Carnaval ela conheceu Arlequim que a seduziu e lhe roubou um beijo e, completamente enamorados, os dois fugiram para viver sua paixão. E, é claro, Pierrô apaixonado ficou para trás inconsolável. 

Pierrô apaixonado 


Como a vida real não se parece em nada com os contos de fada, as dificuldades começaram a surgir e numa noite Colombina achou uma das cartas de seu amigo abrindo seu coração e lhe revelando seu imenso amor por ela. Colombina percebeu que o amor de Pierrô era puro e verdadeiro e então decidiu ir embora, de volta à sua cidade, para se lançar nos braços dele e para abraçar uma vida cheia de felicidade. Dito e feito. E Arlequim, com saudades da Colombina, também retornou à cidade para permanecer perto de sua amada. Mas, apesar de enorme contentamento, durante os Carnavais Colombina sempre esperava reencontrar Arlequim, uma chama que teimava em não se apagar.  

Crítica Social x Romance 

Uma história de amores impossíveis, sofrimento, comédia, fugas, brigas e reconciliações que no século XV personificava uma crítica social muito intensa. Hoje, vários anos depois, a história dos três personagens se perdeu e tornou-se a mais pura representação do romance, do folhetim. 

Arlequim, Colombina e Pierrô: o triângulo amoroso   


Músicas e marchinhas de Noel Rosa e Zé Keti reeditaram esses personagens tão queridos e atualmente representam o direito e a liberdade do desejo durante o Carnaval. Ninguém é dono de ninguém; dias sem cobranças e sem laços. Mas, cuidado para não dar uma de Colombina e passar a folia inteira tentando achar Arlequim, o beijoqueiro. Hahahahahahahahaha! Coisas da vida! 




  BOM CARNAVAL E DIVIRTA-SE!  


Beijos mil! :-) 
Criss 



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“Suponho que me entender não é uma questão de inteligência e sim de sentir, de entrar em contato... ou toca ou não toca.”
Clarice Lispector


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