É o Mês da Folia!
O Carnaval está chegando e com ele a pergunta que não quer calar: “com que fantasia eu vou?” Pois é. Seja em bailes ou blocos de rua a fantasia é obrigatória. É ela que colore e enche de alegria as ruas e os foliões durante o feriado. De preferência que seja bem fresca para enfrentar o calor do Brasil, principalmente do carioca que tem o Maior Carnaval do Mundo.
Há fantasias tradicionais, de outras épocas, mas que ainda mantêm seu glamour. Elas vêm de outros carnavais de além-mar, como por exemplo Pierrô, Arlequim e Colombina, o triângulo amoroso mais famoso da história. E os três de tanto pularem nos dias de folia, acabaram chegando em terras tupiniquins. Mas, onde eles surgiram?
Pierrô no Carnaval de Veneza, Itália |
Commedia dell’Arte
A história dos três personagens era parte de um estilo teatral conhecido como Commedia dell’Arte (Comédia da Arte), uma espécie de teatro popular que surgiu na Itália do século XV e depois se desenvolveu na França, até o século XVIII e que foi criada para se opor à Commedia Erudita (Comédia Erudita), à comédia dos clássicos gregos e romanos, apresentada para a nobreza.
Commedia Dell'Arte |
As trupes eram itinerantes e realizavam apresentações nas ruas, no idioma local, e seu repertório era geralmente de peças teatrais improvisadas. Sua intenção era levar o teatro para todos e realizar uma sátira social, criticando e ironizando os costumes da classe dominante italiana da época. Sempre ridicularizando os poderosos e os nobres em geral.
Apesar das várias mudanças que a narrativa teve com o passar dos anos, basicamente ela relata a história de Pierrô que ama Colombina que é perdidamente apaixonada por Arlequim que corresponde esse amor.
"Atores da Commedia dell'arte italiana" de Jean Antoine Watteau |
Detalhe: Pierrô é o nome afrancesado do original italiano Pedrolino. E foi, justamente esse nome que conquistou o mundo.Ainda bem que mudaram! Hahahahahahaha!
Quem São Os Personagens?
Vamos aos personagens básicos. Havia os Patrões que representavam o conservadorismo, a intelectualidade e a honra. Muitas vezes farsantes e hipócritas. Os Amantes que eram os jovens apaixonados (estilo Romeu e Julieta). O amor é lindo! E, por fim, os Serviçais, pessoas da classe social mais baixa. E é nessa última categoria que se encontra o nosso trio.
Arlequim era servo do mercador de Veneza, conhecido como Pantaleão. Ele adorava criar confusão com os outros personagens. Divertido, fanfarrão e malandro, sempre tentava escapar do alvoroço que ele mesmo criava. Costumava aparecer nos intervalos das apresentações e com suas brincadeiras entretinha a plateia, roubando beijos das atrizes, principalmente da Colombina. Caiu nas graças do público e passou a ser parte do triângulo amoroso.
Sua roupa era repleta de losangos coloridos.
"Arlequim", 1918 de Pablo Picasso |
"O beijo do Arlequim" de Frank Xavier Leyendercker |
Colombina era criada da filha de Pantaleão. Inteligente, habilidosa e requintada, tanto quanto sua senhora, ela era apaixonada por Arlequim e para despertar seu amor tentava encantá-lo com suas danças e canções durante os espetáculos.
Colombina |
"Arlequim" de Ferretti Giovanni Domenico |
Pierrô era um servo devotado e fiel de Pantaleão. Ele era o mais pobre dos personagens e vestia-se com roupas feitas de sacos de farinha e talvez por isso seu rosto fosse pintado de branco. Era o único que não usava máscara, o que denunciava ao público a sua pobreza. Como um eterno apaixonado por Colombina, tinha uma lágrima preta desenhada sob o olho, o que denotava sua tristeza e seu coração partido por não ser correspondido por ela.
Por viver suspirando de amor, por ser um sonhador, por sua inocência, por sua vestimenta e por sua maquiagem, o personagem Pierrô influenciou os palhaços de circo.
"Pierrô e Colombina", 1900 de Pablo Picasso |
Pierrô sofre em silêncio por Colombina |
Outra Versão Da História
Há quem diga que Pierrô era amigo de infância de Colombina e que desde cedo nutria uma paixão platônica por ela. Ele era padeiro e trabalhava para Pantaleão e ela era criada de Isabella, filha do mercador de Veneza. Sofrendo em silêncio, Pierrô escreveu várias cartas declarando seu amor secreto à Colombina. Contudo, num Carnaval ela conheceu Arlequim que a seduziu e lhe roubou um beijo e, completamente enamorados, os dois fugiram para viver sua paixão. E, é claro, Pierrô apaixonado ficou para trás inconsolável.
Pierrô apaixonado |
Como a vida real não se parece em nada com os contos de fada, as dificuldades começaram a surgir e numa noite Colombina achou uma das cartas de seu amigo abrindo seu coração e lhe revelando seu imenso amor por ela. Colombina percebeu que o amor de Pierrô era puro e verdadeiro e então decidiu ir embora, de volta à sua cidade, para se lançar nos braços dele e para abraçar uma vida cheia de felicidade. Dito e feito. E Arlequim, com saudades da Colombina, também retornou à cidade para permanecer perto de sua amada. Mas, apesar de enorme contentamento, durante os Carnavais Colombina sempre esperava reencontrar Arlequim, uma chama que teimava em não se apagar.
Crítica Social x Romance
Uma história de amores impossíveis, sofrimento, comédia, fugas, brigas e reconciliações que no século XV personificava uma crítica social muito intensa. Hoje, vários anos depois, a história dos três personagens se perdeu e tornou-se a mais pura representação do romance, do folhetim.
Arlequim, Colombina e Pierrô: o triângulo amoroso |
Músicas e marchinhas de Noel Rosa e Zé Keti reeditaram esses personagens tão queridos e atualmente representam o direito e a liberdade do desejo durante o Carnaval. Ninguém é dono de ninguém; dias sem cobranças e sem laços. Mas, cuidado para não dar uma de Colombina e passar a folia inteira tentando achar Arlequim, o beijoqueiro. Hahahahahahahahaha! Coisas da vida!
BOM CARNAVAL E DIVIRTA-SE!
Beijos mil! :-)
Criss
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“Suponho que me entender não é uma questão de inteligência e sim de sentir, de entrar em contato... ou toca ou não toca.”
Clarice Lispector