Quem não conhece ou nunca sequer ouviu falar de Laika, a cadelinha espacial da ex-União Soviética, que levante as mãos. O que?!!? Mas... Tá bom, tá bom! Já entendi. Agora abaixem a mãos, por favor, para eu poder explicar para vocês a história desta heroína de quatro patinhas.
A Corrida Espacial
Quando a Corrida Espacial começou, em 1955, em plena Guerra Fria, com os Estados Unidos de um lado e a ex-União Soviética do outro, os cientistas estavam muito longe de saber quais as consequências que uma viagem ao sombrio espaço provocaria nos seres vivos por causa da gravidade zero.
Os soviéticos entraram para a história quando lançaram em 1957 o Sputnik I, o primeiro satélite artificial. E eles queriam mais. Afinal, nunca é o suficiente e a corrida espacial já havia começado. Tinha chegado a hora de enviar a primeira nave tripulada ao espaço. E já que não podia ser com uma pessoa, seria com um animal.
A bordo do satélite soviético Sputnik II, cujo lançamento ocorreu em 3 de novembro de 1957, a cadelinha Laika tornou-se o primeiro ser vivo a ser enviado ao espaço. Graças a ela, observações feitas durante a trajetória do satélite permitiram o aperfeiçoamento para viagens futuras. Possibilitando o lançamento do primeiro homem ao espaço.
Seleção E Preparação
De acordo com o projeto do satélite, o animal não deveria ter mais de 35 centímetros de altura, pesar de 6 a 7 quilos, ter pelo claro para poder ser visto e estudado mais facilmente no monitor e ser vira-lata (SRD – Sem Raça Definida) pois teria mais resistência, seria mais esperto e menos exigente que os de pedigree. Outro fator importante é que deveria ser uma fêmea para que a colocação do sistema sanitário fosse mais acessível, afinal as fêmeas não precisam levantar a patinha para urinar.
As candidatas a serem a primeira “cosmonauta” tinham que ser fotogênicas para gerar emoção no público e seu nome tinha que ter um forte impacto na população. E a sortuda #sqn foi Laika.
Laika era uma cadela mestiça, um cruzamento entre as raças Husky e Laika (nome genérico para várias raças de caça do Norte da Rússia e Sibéria), com cerca de 3 anos de idade e pesando uns 6 quilos e, há quase 61 anos, foi retirada das ruas de Moscou, capital da Rússia, para fazer uma viagem sem retorno. Sim. Isso mesmo. Sem retorno. Naquela época ainda não havia recursos tecnológicos disponíveis para trazê-la de volta, sã e salva.
“Claro que sabíamos que ia morrer no voo já que não havia meios de resgatá-la, inexistentes naquela época”, reconheceu a cientista da era espacial russa, Adilia Kotovskaya.
A cadela foi adestrada para permanecer quieta em espaços confinados e bem pequenos, treinada para comer alimentos desidratados e ricos em proteínas e ensinada a defecar numa bolsa especialmente elaborada para isso. Uma cobaia do laboratório espacial.
Uma Estrelinha Chamada Laika
Por ser uma viagem só de ida, durante muitos anos, foi sustentada a versão oficial, vinda direto de Moscou, de que Laika morreu por causa de um veneno colocado em sua comida, numa espécie de eutanásia, para evitar uma morte dolorosa no retorno da nave à atmosfera terrestre.
Momento raro com Laika em seu traje espacial |
Representação de Laika na cápsula espacial |
A verdade é que Laika foi lançada ao espaço no satélite Sputnik II, um mês após o Sputnik I ter sido colocado em órbita, e depois da nona rotação ao redor da Terra, a temperatura dentro da cápsula superapertada começou a aumentar tanto que superou os 40°C. E como não havia proteção suficiente contra a radiação solar, a cadelinha, que deveria ter sobrevivido por pelo menos 8 dias, morreu sufocada e desidratada algumas horas depois do lançamento da nave.
Orgulhosa de ter ajudado no treinamento dos animais para as missões espaciais, a bióloga Adilia Kotovskaya, hoje com 90 anos, faz outra declaração:
“Suas nove voltas ao redor da Terra transformaram Laika no primeiro cosmonauta do planeta, sacrificado em nome do sucesso das futuras missões espaciais.”
Mas, mesmo assim, notícias sobre a boa saúde de Laika, que tinha se tornado uma celebridade nacional e internacional, eram divulgadas diariamente pela rádio soviética. Afinal, nada poderia afetar a imagem de vitoriosa da URSS. Eram os interesses da corrida espacial. Propaganda para a superioridade soviética sobre os EUA.
Em 14 de abril de 1958, o Sputnik se desintegrou na atmosfera terrestre e caiu no mar das Antilhas, com os restos mortais de Laika (morta há cinco meses). Essas informações sobre a cadelinha só foram liberadas mais recentemente, em 2002. Até então, o público achava que ela tinha sobrevivido por semanas e morrido de forma indolor. Triste fim. Parece que a verdade realmente está lá fora.
Kotovskaya relembra,
Estátua de Laika inaugurada em 11 de abril de 2008 |
Laika figura entre os grandes nomes da Conquista Espacial soviética no Monumento aos Conquistadores do Cosmos |
Kotovskaya relembra,
“Pedi a ela que nos perdoasse e chorei ao acariciá-la pela última vez.”
Considerações Finais
Para os amantes de animais e seus protetores os testes realizados com animais foi, é e continuará sendo cruel. E eu concordo! Isso tem que acabar. Mas devemos lembrar e compreender que era outra época, outro mapa Geopolítico e outras ideias. É difícil, eu sei. Não há justificativa para o sacrifício da cadelinha. O que devemos destacar é que Laika não morreu em vão. Ela é sinônimo de desbravamento e coragem e foi diretamente responsável por colocar o Homem no espaço. Ela fez o ser humano acreditar que seu sonho de percorrer as estrelas é possível e que essa é a nossa nova estrada a ser percorrida. Por essa razão, Laika é uma heroína, mesmo que involuntária.
Através de Laika foram levantadas questões sobre a moralidade do uso de animais na pesquisa científica |
Beijos mil! :-)
Criss
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“Suponho que me entender não é uma questão de inteligência e sim de sentir, de entrar em contato... ou toca ou não toca.”
Clarice Lispector