Vir ao Rio de Janeiro e não visitar a estátua do Cristo Redentor é como ir a Roma e não ver o Papa. É a mesma coisa. Afinal, o Cristo é o maior símbolo e cartão-postal da cidade carioca e ícone do Brasil.
E será que tem alguém que nunca ouviu falar do Cristo Redentor? Difícil, né? Ainda mais que, em 2007, o monumento foi eleito como uma das sete maravilhas do mundo moderno. Tudo bem que o concurso para escolher as Novas Sete Maravilhas do Mundo foi informal e popular, sem nenhum apoio do órgão responsável, a UNESCO – United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization (ou em português Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura). Mas, e daí?
Polêmicas à parte... por acaso, alguém sabe como foi feita a primeira lista? Aquela das Sete Maravilhas do Mundo Antigo? O que levou Antípatro de Sídon, poeta, escritor e “listeiro” grego, a escolher aqueles monumentos? A UNESCO estava lá dando apoio ao grego? E, digo mais, se a voz do povo é a voz de Deus... A nova lista tá valendo e ponto final.
Para quem não sabe, a estátua do Cristo Redentor, que está prestes a completar 85 anos de idade, representa Jesus Cristo de braços abertos, eternizando o ato de abençoar, tanto os cariocas, quanto aos que aqui chegam e se encantam com o Rio, numa espécie de Boas-Vindas.
O Cristo que está de frente para o Leste, onde estão Jerusalém e a Baía de Guanabara, tem a cabeça levemente inclinada para baixo, a fim de, lá do alto, olhar para seus fiéis.
O monumento (pedestal e estátua) de 1.145 toneladas está localizado no alto do Morro do Corcovado, no Parque Nacional da Tijuca, em Santa Teresa, a 709 metros acima do nível do mar.
A estátua é feita de pedra-sabão e de concreto armado. E, embora muitas pessoas pensem que ela seja sólida, estão redondamente enganadas: é oca por dentro. Seus 38 metros de altura (8 metros são do pedestal) foram elaborados em estilo art decó. Art decó é um estilo artístico, totalmente decorativo, que surgiu na Europa, nos anos 1920 e se caracteriza por suas linhas circulares ou retas estilizadas, um design abstrato e o uso de formas geométricas. No Rio de Janeiro, além do Cristo Redentor, considerada a maior estátua art decó do mundo, este estilo está presente, também, na Central do Brasil, no Teatro Carlos Gomes, no Cine Pathé e na Igreja de Santa Terezinha do Menino Jesus, entre outros.
Começo
Vamos viajar no tempo e encontrar D. Pedro I, em 1824, que para defender a costa da capital (que naquela época era no Rio de Janeiro), resolveu criar pontos de observação e enviou uma expedição até o cume do morro Corcovado, onde o panorama era (e ainda é) perfeito. Com uma trilha segura e uma vista espetacular, o local, com o tempo, acabou tornando-se um ponto de visitação e lazer. Mais tarde, em 1882, devido à essa grande visitação ao Corcovado, D. Pedro II resolveu construir uma estrada de ferro ligando o Cosme Velho ao Corcovado. Os engenheiros responsáveis pela construção foram Francisco Pereira Passos e João Teixeira Soares. E dois anos mais tarde, em 1884, a Estrada de Ferro do Corcovado foi inaugurada pelo próprio imperador.
Vista panorâmica de uma Cidade Maravilhosa perdida no tempo |
Chapéu de Sol, uma espécie de coreto para os visitantes apreciarem a vista |
Em 1910, o Corcovado ganhou a 1ª Estrada de Ferro eletrificada do país |
Monumento
A primeira ideia de erguer um monumento religioso no topo daquela paisagem deslumbrante partiu do padre francês Pierre-Marie Boss que, a princípio, recebeu apoio da Princesa Isabel, filha do Imperador Pedro II. Mas quando a nação se tornou uma República e o Estado se separou da Igreja, seus sonhos rolaram morro abaixo.
Foi só em 1920 que essa ideia aflorou, novamente. O Círculo Católico do Rio de Janeiro elaborou a Semana do Monumento, um evento para captar doações e assinaturas em apoio a construção da estátua. Foram necessárias duas campanhas de arrecadação de dinheiro, para se obter o total gasto na construção do Cristo Redentor: 2.500 contos de réis. Totalmente pago pelo povo, hoje o valor é uma pechincha equivalente a R$9,5 milhões.
A obra teve início em 1926 e, após cinco anos, em 12 de outubro de 1931 a estátua foi inaugurada, com a presença do Chefe do Governo Provisório, Getúlio Vargas. Durante a cerimônia, a estátua foi iluminada por holofotes, acionados remotamente por Guglielmo Marconi, pioneiro da rádio de ondas curtas, diretamente de Roma, na Itália, a uma distância de 9.200 quilômetros. Uau!!
Cristo Redentor |
Cristo Redentor ou Cristo do Corcovado |
Projeto
Em 1922, um abaixo-assinado com mais de 20 mil assinaturas solicitava a construção da estátua do Cristo. Sendo assim, o então presidente Epitácio Pessoa acatou o pedido e doou o topo do Morro do Corcovado para que o monumento fosse construído. O projeto escolhido para a estátua foi do engenheiro Heitor da Silva Costa. A imagem foi desenhada pelo artista plástico Carlos Oswald e projetada pelo artista polonês radicado em Paris Paul Landowski, com o auxílio do escultor romeno Gheorghe Leonida que criou o rosto do Cristo Redentor. As mãos e a cabeça foram moldadas em tamanho real em Paris, na França e trazidas, em partes, para serem remontadas aqui, no Brasil, na estrutura criada em concreto armado pelo engenheiro, também francês, Albert Caquot, para depois ser recoberta por pedra-sabão, material belo, abundante no Brasil (na época), de fácil manuseio e duradouro, bastante resistente à erosão.
O revestimento da estátua é formado por milhares de triângulos de pedra-sabão, chamados tesselas. A forma triangular utilizada facilitou a modelagem do mosaico. As peças foram fixadas, uma a uma, com cola em pedaços de pano que mediam cerca de 1m X 50cm. Depois, esses pedaços de pano foram fixados na estátua com argamassa e rejuntados.
Construção do pedestal e armação do Cristo |
Cabeça do Cristo já instalada |
Carlos Oswald ajudou a redesenhar a estátua em forma de cruz |
Paul Landowski |
Silva Costa (sentado) e Levy (3º da esquerda para direita) |
Detalhe do rosto do Cristo revestido pelas tesselas em forma de triângulo |
Cabeça e mãos vieram da França e foram remontadas no Brasil |
Oco
O monumento é totalmente oco, com uma escadaria composta por 12 pavimentos que leva a portas nos braços e na cabeça utilizadas pela equipe de manutenção. A entrada a visitantes é totalmente proibida. A porta de acesso para o interior do Cristo está a 8 metros do solo e para chegar até ela é preciso uma escada bem grandinha, além do funcionário que guarda as chaves da porta. Uma espécie de São Pedro do Corcovado.
Escadaria interna para alcançar as portas nos braços e cabeça do Cristo |
Uma das saídas pelo braço é utilizada pela equipe de manutenção |
Coração
Sim! O Cristo tem coração. Discreto, mas tem. É a representação do Sagrado Coração de Jesus. Medindo 1,30m e localizado bem no meio do peito, logo acima do manto, é a única parte que também foi projetada para o interior da estátua, no 11º andar. E, nele, há um frasco de vidro contendo a árvore genealógica do mestre de obras, Heitor Levy e do engenheiro Pedro Fernandes Viana da Silva, responsáveis pela obra.
O coração no meio do peito do Cristo Redentor |
Detalhe do coração do Cristo |
Interior do Cristo com o coração, única parte projetada para dentro da estátua |
Visitação
Para chegar ao Cristo Redentor as melhores opções são o Trem do Corcovado ou a Van. Ir de carro, realmente, não é uma boa ideia, pois o visitante corre o risco de não conseguir estacionar seu carro e ainda ser multado. Aí o passeio perde toda a graça!
As Vans saem do Largo do Machado, da Praça do Lido, em Copacabana e, também, do Cosme Velho. Já o Trem do Corcovado sai da estação do Cosme Velho e após uma viagem de, mais ou menos, 20 minutos e um percurso de 3.800 metros, que atravessa a maior floresta urbana do mundo, o Parque Nacional da Tijuca, eis que surge o Cristo Redentor. E, se é para fazer o passeio tradicional, tem que pegar o trem. Sem mencionar o fato de que indo de trem, na estação, há lanchonete e loja de souvenirs.
É possível comprar ingressos antecipados via Internet ou nos quiosques da Riotur, mas aí a visita é com hora marcada. Se não, os ingressos podem ser adquiridos nos locais de embarque, após enfrentar uma pequena fila.
Estação do Trem do Corcovado |
Interior da Estação do Corcovado |
Cafeteria no interior da Estação |
Trem do Corcovado |
Trem do Corcovado a caminho do monumento |
Você está Aqui! |
Trem do Corcovado e o Cristo Redentor |
Muito mais do que um símbolo religioso, o Cristo Redentor é um símbolo de Paz e parada obrigatória para quem está de visita na capital do Rio de Janeiro! Afinal, é indispensável tirar uma foto de braços abertos bem em frente ao Cristo. Recordação de um passeio inesquecível. E ver, através do mirante panorâmico, a beleza deslumbrante e impactante da Cidade Maravilhosa.
CURIOSIDADES
1- A cabeça do Cristo pesa 30 toneladas;
2- Cada pé da estátua mede 1,35m e equivale a um calçado tamanho 530. É! O Cristo tem pés! E são enooormes!;
3- Cada mão mede 3,2m;
4- A estátua do Cristo possui 28 metros de envergadura, ou seja, esta é a medida desde a mão direita até a mão esquerda;
5- A estátua foi projetada para resistir a ventos de até 250km/h, aguentando, inclusive, um furacão de categoria 5 (!);
6- A cabeça é composta por 50 peças e as mãos, por 8, todas numeradas e separadas para serem remontadas adequadamente em solo brasileiro;
7- Um projeto anterior para a estátua incluía uma cruz e um Jesus segurando um globo nas mãos. Apelidado de Cristo da Bola, não teve a aceitação popular;
8- Enquanto colavam as tesselas (peças de mosaico em pedra-sabão) em pedaços de pano, as senhoras responsáveis pelo serviço escreveram os nomes de seus familiares no verso dessas peças de pedra-sabão;
9- No pedestal de 8 metros, encontra-se a Capela de Nossa Senhora Aparecida que funciona desde 2006, com capacidade para 23 pessoas sentadas;
10- A inauguração do monumento aconteceu no dia 12 de outubro de 1931, dia de Nossa Senhora Aparecida, um ano após ser proclamada a Padroeira do Brasil, o que aconteceu em 16 de julho de 1930;
11- Passando pelos braços e a cabeça do Cristo existe uma rede de para-raios, pois, com a altitude, a estátua sofre muito com a ação das chuvas e das descargas elétricas;
12- Em suas mãos não foram esquecidas as marcas da crucificação. Haja detalhe!
O Cristo Redentor é atingido na mão por um raio durante tempestade |
Uma rede de para-raios protege o Cristo das descargas elétricas |
Detalhe: a marca da crucificação |
O Cristo tem pés tamanho 530 |
Cristo da Bola, um projeto anterior |
RÉPLICAS DO CRISTO REDENTOR PELO MUNDO AFORA
Para mais curiosidades e informações é só conferir o site oficial.